
Mais detalhes do telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vieram à tona nas últimas horas.
Segundo autoridades que acompanharam a conversa, o chefe de Estado norte-americano afirmou que os Estados Unidos “sentem falta do café brasileiro”. Lula respondeu dizendo estar disposto a retomar as negociações e pediu o fim da tarifa extra de 40% imposta recentemente ao produto do Brasil.
De acordo com o Escritório de Estatísticas dos Estados Unidos, o preço do café pago pelos consumidores americanos teve, em agosto, o maior aumento mensal em 14 anos, com alta de 3,6%. O avanço ocorreu no primeiro mês de vigência da tarifa contra o café brasileiro — uma elevação nove vezes superior à taxa média de inflação do período, de 0,4%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o preço do café nos EUA subiu 20,9%, bem acima da inflação média de 2,9%. É o maior salto anual registrado desde 1997.
Durante a ligação, Lula reforçou o convite para que Trump venha ao Brasil em novembro, para participar da COP 30, em Belém, no Pará. O presidente norte-americano, no entanto, evitou dar uma resposta direta e afirmou apenas que “em algum momento” pretende visitar o país.
A declaração foi interpretada pela diplomacia brasileira como um sinal de que Trump não deve comparecer à conferência do clima da ONU. Integrantes do governo apostam que o primeiro encontro presencial entre os dois líderes deve ocorrer na Malásia, no fim do mês, durante a Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) ou nos Estados Unidos, em uma possível visita de Lula a Washington.
Conversa de 30 minutos, 'boa química' e troca de telefones
Segundo o Palácio do Planalto, por meio de nota, em tom amistoso, os líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a “boa química” que tiveram ao se encontrarem na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em 23 de setembro. “Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro”.
Lula descreveu o contato como uma “oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços”.
“Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras”, informou o Palácio do Planalto.
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos”, declarou o Planalto. “Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação”.