Uma reunião que estava marcada para ontem entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi cancelada de última hora, ampliando a incerteza sobre o futuro do projeto da “dosimetria”, que prevê redução de penas para condenados por atos antidemocráticos.
Paulinho avalia que não há condições políticas para votação da proposta na Câmara sem antes ter a garantia de que o Senado vai pautar o texto. O temor é que a proposta vá parar na gaveta de Alcolumbre e lá seja esquecida.
“Não é simples tocar um projeto dessa natureza sem a certeza de que terá continuidade. Muitos deputados têm manifestado essa preocupação”, afirmou o relator ao repórter Túlio Amâncio, da TV Band em Brasília.
Paulinho disse ainda que tem buscado interlocução com lideranças das duas Casas para assegurar que a proposta não seja engavetada. Reconhece, no entanto, que a resistência é grande e que, sem compromisso do Senado, dificilmente haverá clima para votação.
Ele revelou também que pretende alinhar o calendário com Hugo Motta para tentar levar o texto ao plenário da Câmara ainda na próxima semana. Nos bastidores, alerta que o impasse pode respingar em outras matérias de interesse do governo e do Congresso, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Em reuniões com bancadas de partidos do Centrão, Paulinho ouviu relatos de desgaste e insatisfação com o Senado. Para ele, só um acordo prévio poderá destravar a matéria. “Não adianta dar murro em ponta de faca. Sem a garantia de votação, não adianta insistir, tem um risco de frustração muito grande”, disse.