Um artigo publicado nesta quarta-feira (10) na revista científica Nature apontou que a sonda robótica Perseverance, da Nasa, localizou formas antigas de vida microbiana em Marte, o que indicaria que existe vida no planeta. A sonda recolheu amostras de rochas formadas há bilhões de anos, no fundo de um lago.
De acordo com o artigo, a rocha foi batizada de Shapphire Canyon e foi coletada na cratera Jezero, uma região que há mais de 3,5 bilhões de anos possuía água e, portanto, seria a região mais promissora para investigar se há vida no planeta vizinho. Os cientistas detectaram na amostra os minerais vivianita (fosfato de ferro) e greigita (sulfeto de ferro).
Segundo o pesquisador Joel Hurowitz, da Universidade Stony Brook, e líder do estudo, esses minerais podem ter se formado a partir da reação entre a lama e matéria orgânica. No planeta Terra, processos semelhantes costumam estar ligados à atividade de micróbios. “Essas reações parecem ter ocorrido logo após a lama se depositar no fundo do lago. Em ambientes terrestres, micróbios consomem matéria orgânica e produzem minerais como subproduto de seu metabolismo”, explicou Hurowitz.
Apesar da descoberta, o cientista reforça no artigo que os mineirais também podem ter se formado a partir de reações não-biológicas.
A amostra Sapphire Canyon foi coletada em julho do ano passado e poderá ser trazida à Terra em futuras missões da Nasa, o que permitirá análises mais detalhadas. “Esse material representa uma oportunidade de testar, de forma concreta, se a biologia foi de fato responsável pela geração dessas características”, acrescentou Hurowitz, no artigo. Se confirmada a origem biológica, a descoberta reforçaria a hipótese de que Marte já abrigou vida microbiana em seu passado.