O Brasileirão de 2026 terá duas mulheres que presidem clubes: além de Leila Pereira, do Palmeiras, Marianna Libano conquistou o acesso com o Coritiba no último sábado (15). Em conversa com o Band.com.br, Marianna disse que se inspira em Leila e contou histórias boas e ruins de ser uma mulher em um cargo tão importante.
A Leila é mais do que uma inspiração. Por toda gestão que ela faz dentro do Palmeiras, ela é de fato inspiradora em todos quesitos
Marianna pontuou que as duas possuem realidades muito diferentes. Primeiro por causa dos objetivos e recursos que cada clube possui. E também porque Marianna preside um clube que virou SAF, ou seja, o futebol não está 100% sob comando dela. Ela já explicou como ajudou no sucesso do Coritiba em 2025, se aproximando da SAF e fiscalizando.
E também destacou como é difícil conseguir o reconhecimento merecido: "Nunca senti tanta dificuldade igual tive esse ano. A gente sabe que nós, como mulheres, precisamos nos provar duas ou três vezes mais do que um homem. Provar que nós temos capacidade de estar à frente de um cargo como esse".
Leila costuma entrar em polêmicas e até ser agressiva em alguns momentos. Marianna diz que não é assim, mas pode aceitar um embate e ser dura na fala.
"Não é o meu perfil de entrar em polêmica. Mas eu admiro ela na firmeza da fala. Ela é muito firme e fala com convicção. Nisso eu sou parecida. Eu não vou para o embate, mas quando me colocam nele, eu também não saio mais. Tenho minhas convicções e não mudo de opinião fácil", explicou.
Dificuldades das mulheres no futebol
Marianna era torcedora de arquibancada e depois começou a trabalhar no clube. Ela diz que não sentiu resistência por parte da torcida para ser a primeira mulher na presidência. Mas teve problemas graves internamente.
"Muitas vezes fui colocada à prova. Muitas vezes nos fizeram chegar ao nosso limite, que a gente nem esperava que seria possível. Mas também acredito que isso tem um lado bom, que é você perceber que é muito mais forte do que imagina. E muito mais competente do que imagina", relata.
Boas histórias de mulheres no futebol
Também existe o outro lado: ao desbravar esse caminho, Marianna vira referência para outras mulheres que querem entrar no futebol. Ela lembrou com carinho de duas histórias.
"Em agosto, no jantar de comemoração dos 40 anos do nosso título, uma adolescente me cumprimentou e me falou um monte de palavras bonitas. Falou 'me sinto muito representada por você. Fico extremamente feliz que a gente tenha uma mulher na presidência e você é minha inspiração'. Então nesse momento todas as dificuldades que a gente passa, a gente percebe que vale a pena".
Marianna já conseguiu até trazer uma torcedora do Athletico-PR para o Coritiba: "Foi uma palestina que estava aqui e tem um namorado atleticano. Ela estava em um bar aqui com umas meninas que são coxa-branca. Uma das meninas é conselheira do clube e foi me apresentar para essa moça palestina. Ela ficou extremamente orgulhosa e até assustada. Falou 'vocês têm uma presidente mulher, então meu namorado que me desculpe, mas eu não vou torcer para o Athletico, por que não dá, é contra meus princípios. A partir de agora meu carinho é para o Coritiba'. E a gente conseguiu que ela viesse ao jogo, fazer o cadastro dela aqui, ela ficou muito feliz. É inspirador".
O desejo de Marianna é que a história dela, de Leila e outras mulheres também inspirem.
Ainda é pouco ter só duas mulheres à frente de seus clubes na Série A. Que logo venham mais mulheres competentes lidando com o futebol diariamente