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Por que agora falamos “alcoolista” em vez de “alcoólatra”?

O vocabulário usado para tratar questões de saúde mental e dependência química tem passado por mudanças importantes nos últimos anos. Um dos exemplos mais visíveis é a substituição do termo “alcoólatra” por “alcoolista” em textos jornalísticos, documentos técnicos e campanhas de conscientização. 

A mudança não é apenas semântica: ela reflete uma transformação na forma como a sociedade, a medicina e instituições especializadas encaram o uso problemático do álcool.

Mudança de linguagem acompanha avanço científico

De acordo com especialistas em saúde pública, o termo “alcoólatra” carrega historicamente uma carga pejorativa e estigmatizante, associada à ideia de desvio moral ou falta de caráter. Já “alcoolista” é considerado um termo mais neutro e técnico, alinhado à compreensão atual do alcoolismo como uma doença crônica, e não como falha individual.

CISA (Centro de Informação sobre Saúde e Álcool) destaca que o consumo nocivo de álcool deve ser tratado como um problema de saúde que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. 

Nesse contexto, a linguagem tem papel fundamental para reduzir o estigma, facilitar o acesso ao tratamento e incentivar a busca por ajuda.

Alcoolismo é doença, não rótulo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o alcoolismo como um transtorno mental e comportamental relacionado ao uso de substâncias. O CISA reforça que o uso do termo “alcoolista” ajuda a deslocar o foco do rótulo para a condição clínica, evitando que a pessoa seja definida exclusivamente pela doença.

“O estigma afasta as pessoas do tratamento e do acolhimento. Quando usamos termos menos pejorativos, criamos um ambiente mais propício para o cuidado”, aponta o centro em materiais educativos.

A posição dos Alcoólicos Anônimos

Os Alcoólicos Anônimos (AA), uma das principais organizações de apoio a pessoas com problemas relacionados ao álcool, também reconhecem a importância de uma abordagem respeitosa. 

Embora o termo “alcoólatra” ainda apareça em textos históricos da irmandade, o AA enfatiza que o alcoolismo é uma doença progressiva, incurável e potencialmente fatal, que pode ser controlada com abstinência e apoio mútuo.

Nos encontros e na comunicação atual, o foco está na experiência compartilhada, no acolhimento e na recuperação, e não na rotulagem. A própria apresentação tradicional — “sou alcoólico” — é entendida dentro de um contexto de identificação e pertencimento, e não como julgamento externo.

Linguagem também é política pública

A adoção do termo “alcoolista” tem sido cada vez mais comum em políticas públicas de saúde, campanhas institucionais e na imprensa. A mudança acompanha uma tendência mais ampla de revisão de termos associados à saúde mental, dependência química e deficiência, buscando uma comunicação mais humana e baseada em evidências científicas.

Para especialistas, a forma como falamos influencia diretamente a forma como tratamos — e como as pessoas se percebem dentro do processo de adoecimento e recuperação.

Mais do que uma palavra, uma mudança de olhar

Trocar “alcoólatra” por “alcoolista” não apaga a gravidade do problema do álcool no Brasil, mas ajuda a enfrentá-lo de maneira mais eficaz. Ao abandonar termos carregados de preconceito, a sociedade dá um passo importante para promover informação, empatia e acesso ao tratamento.

Como reforçam o CISA e organizações como o AA, compreender o alcoolismo como doença e tratar as pessoas com respeito é essencial para reduzir danos, salvar vidas e fortalecer políticas de saúde pública.

Fonte: Band.
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