Imagens gravadas pela polícia durante a megaoperação realizada, na última terça-feira (28), no Complexo do Alemão mostram mansões que destoam da realidade das outras casas humildes da comunidade carioca.
Em um dos imóveis de três andares com piscina no alto do morro chamou atenção. Em um dos cômodos, havia um estúdio com quadros do rapper Oruam, filho de Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, um dos fundadores do Comando Vermelho (CV). Marcinho VP cumpre pena há quase trinta anos por homicídio e esquartejamento de rivais.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro ainda não divulgou o proprietário da residência de alto padrão. No entanto, a ausência de moradores após a operação sugere uma forte ligação com o narcotráfico.
A descoberta de "fortalezas" luxuosas não é novidade para as forças de segurança. Em março deste ano, a Polícia Civil demoliu uma mansão de traficantes no alto da comunidade Parada de Lucas, no Complexo de Israel. O imóvel, que ocupava uma área de proteção ambiental e funcionava como um "verdadeiro spa", pertencia a Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, chefe da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), grupo rival do Comando Vermelho. Peixão segue foragido, com dez mandados de prisão por crimes como associação criminosa, homicídio e tráfico de droga.
Outra mansão e a conexão PCC-CV
Outra residência luxuosa na Vila Cruzeiro (também no Complexo do Alemão) revelou uma conexão interestadual do crime organizado. Além do conforto e da piscina, a casa de três andares era usada para esconder um alvo da Polícia Civil de São Paulo: Kaue Amaral, um "olheiro" ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e suspeito no caso do assassinato de Vinicius Gritzbach.
- Um drone da polícia identificou Kaue na parte mais alta da casa, usufruindo da proteção do Comando Vermelho (CV).
- Durante as buscas, criminosos do CV chegaram a derrubar um drone da polícia que sobrevoava a comunidade na tentativa de planejar a prisão.
- Kaue estaria no Rio com Emílio Gongorra, o Cigarreira, apontado como mentor intelectual da execução em Guarulhos (SP).
Ambos continuam foragidos. A polícia paulista suspeita que a dupla já tenha deixado o Rio de Janeiro, possivelmente buscando refúgio e proteção do crime organizado em países vizinhos.
Ostentação em SP
A ostentação e o tráfico andam lado a lado em todo o país. Em São Paulo, a Polícia Civil descobriu um "mini zoológico" no sítio de Anderson Lacerda Pereira, o Gordão, um dos maiores traficantes da Grande São Paulo.
A propriedade, que também contava com um bunker e uma rota de fuga, abrigava animais exóticos como macacos, araras e até um jacaré, em uma clara referência ao estilo do megatraficante colombiano Pablo Escobar. Gordão, que chegou a figurar na lista de mais procurados da Interpol, foi preso em 2022, acusado de enviar cocaína para a Europa e de fraudar licitações na área da saúde durante a pandemia.