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PF descobre "DNA do ouro" e avança na fiscalização do garimpo ilegal
Foto de Pixabay

A Polícia Federal avança na fiscalização do garimpo ilegal com o desenvolvimento de um sistema que permite rastrear o "DNA do ouro". A tecnologia, criada em laboratórios da própria instituição, é capaz de identificar a origem do material, que passa por uma cadeia complexa e com muitos intermediários antes de chegar às joalherias.

Durante uma ordem judicial cumprida em Mato Grosso, agentes federais encontraram frascos de mercúrio na casa de um dos investigados. O mercúrio é utilizado no garimpo ilegal para separar o ouro da terra, mas o processo deixa um rastro tóxico, contaminando o ar e a água, o que causa danos à saúde e prejudica principalmente populações ribeirinhas.

Combate ao garimpo e desafios na fiscalização

A reportagem percorreu milhares de quilômetros no Norte e Centro-Oeste do país, encontrando garimpos ilegais ativos e bases recém-abandonadas em Conquista D'Oeste, a cerca de 600 quilômetros de Cuiabá. 

Um acampamento no meio da mata, descoberto e incendiado pelas autoridades, mostrava sinais de uma fuga recente. Em Pontes e Lacerda, garimpeiros morando na rodoviária revelaram que aguardam ordens dos chefes para retornar às atividades ilegais e que recebem uma pequena parte do ouro extraído.

O combate ao garimpo é um trabalho contínuo, apesar da forte atuação da Polícia Federal e do Ibama. Máquinas usadas no garimpo ilegal, que podem custar até R$ 1 milhão, são frequentemente abandonadas em locais de difícil acesso, o que dificulta a remoção. 

Uma das soluções adotadas pelas autoridades é destinar essas máquinas para obras públicas na região, como explica o delegado regional de Pontes e Lacerda, João Paulo Berté. Segundo ele, mais de 40 máquinas já foram apreendidas e repassadas para municípios.

Descoberta do “DNA do ouro” e análise na “Ouroteca”

Especialistas afirmam que a repressão não é a única solução para o problema, e que ciência, inteligência e tecnologia são caminhos promissores. O "DNA do ouro" é um exemplo dessa abordagem. 

O sistema da PF analisa o material apreendido em laboratório, onde elementos químicos funcionam como uma impressão digital para indicar a região de origem do ouro. Esse material é armazenado na "Ouroteca", um banco de dados que permite futuras comparações. O diretor técnico-científico da Polícia Federal, Roberto Reis Monteiro Neto, destaca que o Brasil possui técnicas avançadas para essas análises, que talvez não existam em nenhum outro país.

Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a "presunção de boa-fé" na venda de ouro. Agora, vendedores são obrigados a comprovar a origem do metal, ao contrário do que acontecia antes, quando bastava uma simples declaração. Um projeto de lei parado na Câmara dos Deputados visa criar um sistema nacional de rastreio, onde o ouro teria uma marca indicando sua origem legal, assim como as cédulas de dinheiro. 

O diretor da Associação Brasileira de Criptomoedas e Finanças (ABCF), Rodolpho Ramazzini, explica que essa marcação diferenciaria o ouro legal do ouro obtido por organizações criminosas e evitaria que empresas legalizadas "esquentem" ouro extraído de áreas proibidas.

Esse sistema de rastreamento já é uma realidade em países como Suíça e Indonésia. A tecnologia, desenvolvida por uma empresa multinacional suíça, utiliza um QR Code que permite a verificação da origem do produto pelo comprador. Fiscais também auditam cada etapa da cadeia de produção para confirmar o volume de ouro processado, segundo Louis Raccurt, diretor de mercado de minerais da SICPA.

Fonte: Band.
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