A Polícia Federal (PF) realiza buscas pelo único foragido da operação que investiga um esquema criminoso de roubo milionário contra aposentados e pensionistas do INSS. Carlos Roberto Ferreira Lopes é apontado pelas investigações como o líder e mentor intelectual do esquema que se utilizava de descontos indevidos nos benefícios para subtrair o dinheiro. A Polícia Federal continua a busca pelo suspeito.
Lopes, que é presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) desde 2011 , chegou a ser preso por falso testemunho ao depor na CPI do INSS, mas foi liberado após pagar fiança no valor de R$ 5 mil.
Nesta semana, a PF prendeu nove suspeitos de envolvimento no esquema. Entre os detidos está Tiago Abraão Ferreira Lopes, irmão de Carlos Roberto. Tiago, que é vice-presidente da Conafer, é investigado por usar o sistema Dataprev para enviar listas de beneficiários para o desconto ilegal de mensalidades associativas.
Desvios milionários e delação premiada
Segundo as investigações, dos mais de R$ 708 milhões que a confederação arrecadou por meio de descontos não autorizados de aposentados e pensionistas , pouco mais de R$ 640 milhões teriam sido desviados para empresas de fachada e contas de operadores financeiros ligados ao grupo. A reportagem é de Thayane Melo, em Brasília.
Em nota, a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) nega que Carlos Lopes tenha fugido. A confederação afirma que ele está em viagem em uma área de difícil acesso e que ele pretende se apresentar às autoridades.
As prisões desta nova fase da operação foram possíveis após a delação premiada do empresário Mauricio Camisotti , apontado como figura central no esquema criminoso. No entanto, a defesa de Camisotti nega que esteja negociando contar o que sabe em troca de uma pena menor.
A possível delação do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", que trocou de advogados, também alimenta especulações. O clima é de tensão, já que outros parlamentares e autoridades envolvidos com o INSS, tanto no governo atual quanto no anterior, poderiam ser denunciados no esquema.