Novas imagens, captadas por drones e câmeras acopladas às fardas de policiais (bodycams), revelam a intensidade do confronto ocorrido na Serra da Misericórdia, região que abrange os complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.
A megaoperação, direcionada a desarticular ações do Comando Vermelho, resultou em um longo tiroteio que se estendeu pela área de mata e culminou com 121 mortes, tornando-se um dos episódios mais violentos da história recente do estado.
O confronto, que se estabeleceu como um campo de batalha, durou quase 18 horas. Durante a troca de tiros, quatro policiais morreram e outros 13 ficaram feridos.
As bodycams registraram o resgate dramático do Cabo Oliveira, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), que foi baleado na coxa no meio da mata. O vídeo capta a comunicação dos agentes no momento do resgate: "Já tem um plano de extração pra ele? Não. Vamos criar um plano de extração agora. Vamos manter a calma! O blindado não sobe aqui. A gente vai ter que descer com ele".
Os colegas improvisaram uma maca e carregaram o cabo ferido pela vegetação densa, até conseguirem se aproximar de um blindado. O cabo Oliveira foi socorrido e levado a um hospital.
Uso de drones para mapear o confronto na mata
Enquanto o resgate do agente ferido ocorria, outros policiais se mantinham em confronto intenso com os criminosos na região. Imagens aéreas, captadas por drones, mostraram suspeitos rastejando pela mata para se proteger e avançar no terreno irregular.
Bombas foram lançadas do alto para auxiliar os policiais a progredirem na incursão, em meio a fumaça e destroços. Em outros momentos, os agentes são flagrados deitados no chão, buscando proteção atrás de troncos de árvores, uma vez que o terreno íngreme e irregular impedia o avanço dos veículos blindados em toda a área.
A ação foi planejada, de acordo com as informações apuradas, para empurrar os criminosos para a região de mata, na tentativa de proteger a população das comunidades, tirando-a da linha de confronto. Contudo, o tiroteio intenso ecoou nos morros e o som dos disparos foi o principal ruído sentido pelos moradores.
Após o término da operação, corpos de criminosos mortos na mata foram retirados da vegetação, em alguns casos pela própria população, e enfileirados em praça pública, revelando a escala do confronto. A operação encerra um capítulo na crônica de violência do Rio de Janeiro, onde a atuação policial se deu em uma luta pela sobrevivência em condições de batalha.