A Polícia de Minas Gerais realiza buscas por três dos quatro detentos que fugiram do Centro de Remanejamento de Presos Gameleira, em Belo Horizonte, no último sábado.
A fuga chama a atenção pela audácia e sofisticação: o grupo, preso por crimes cibernéticos, deixou a unidade prisional pela porta da frente, utilizando alvarás de soltura falsos inseridos no sistema de Justiça.
De acordo com as investigações, os documentos fraudulentos foram emitidos com o uso de credenciais e dados extraídos de juízes. Um dos quatro fugitivos já foi recapturado pelas autoridades.
O perfil dos criminosos e o esquema milionário
Os fugitivos, com idades entre 20 e 33 anos, haviam sido detidos há apenas 10 dias, em 10 de dezembro, durante uma operação da Polícia Civil focada em crimes digitais. O grupo é acusado de fraudes em contas bancárias e uso indevido de credenciais de magistrados.
Durante a operação que resultou na prisão original, foram apreendidos carros de luxo e joias. Além disso, as autoridades bloquearam cerca de 40 milhões de dólares em criptoativos ligados à quadrilha.
A fuga gerou um conflito de versões entre o governo estadual e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a segurança dos sistemas judiciários.
O CNJ negou que o sistema tenha sido invadido. Segundo o órgão, não há indícios de ataque hacker à plataforma, mas sim o uso de credenciais legítimas de acesso que teriam sido obtidas por meio ilegal. O Conselho afirmou ainda que a fraude foi percebida menos de 24 horas após a fuga.
Falha em múltiplas camadas de segurança
Especialistas em segurança pública alertam para a gravidade da falha, que conseguiu burlar diversos níveis de controle. Roberta Fernandes, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que o fluxo de soltura envolve checagens complexas.
"São várias instituições: Tribunal de Justiça, sistema prisional, Polícia Civil, Banco de Dados Nacional. As checagens são feitas através de várias instituições, então é difícil quebrar esse fluxo", explica a especialista.
A polícia segue investigando o caso para localizar os foragidos e entender como as credenciais dos magistrados foram obtidas pelos criminosos.