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O que é cidade-esponja, conceito criado pelo arquiteto chinês Kongjian Yu
Divulgação/Turenscape/Agência Brasil

chinês Kongjian Yu, que morreu na noite desta terça-feira (23) em um acidente aéreo no Pantanal sul-mato-grossense, é considerado um dos maiores arquitetos do mundo. Ele é responsável pela criação do conceito conhecido como “cidade-esponja”

Além Kongjian Yu, o cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e o documentarista Rubens Crispim Júnior também estavam na aeronave. O grupo estava na região de Aquidauana para gravar um documentário sobre cidades-esponja. 

Origem do conceito 

Uma cidade-esponja é uma abordagem de planejamento urbano baseada na utilização de soluções naturais e sustentáveis para gerenciar águas pluviais. 

O principal objetivo é que as cidades funcionem como esponjas, captando e infiltrando a água no solo por meio de técnicas e infraestruturas verdes, reduzindo a ocorrência de enchentes e melhorando a gestão dos recursos hídricos.

O conceito nasceu na cidade de Jinhua, na China, onde o encontro de dois grandes rios provoca constantes enchentes. A área alagada era cercada por um grande muro, que tinha como função conter a água nos períodos chuvosos, mas que não era eficiente.

“A região esteticamente era desagradável e a população não utilizava esse espaço. Em 2013, foi elaborado um projeto no conceito ‘cidades-esponja’, repensando a infraestrutura da cidade com relação à água. Os rios foram renaturalizados, áreas foram transformadas em parques que a população poderia usufruir e foi possível armazenar água nos períodos chuvosos", explica um relatório da Fundação Grupo Boticário.

O resultado foi potencializado pelo uso de ferramentas como calçamento permeável, teto-verde, praça-piscina e parques alagáveis. 

Com esse projeto, a cidade ganhou uma nova identidade, a população se reconectou com a natureza e foi eficiente para combater inundações. “O projeto faz parte de uma política nacional de incentivo à adoção de abordagens ecossistêmicas para lidar com as enchentes”, diz o relatório. 

Como funcionam as cidades-esponja 

Entre as principais técnicas e elementos utilizados em cidades-esponja estão:

  • Telhados verdes: coberturas vegetais que absorvem água e reduzem o escoamento superficial, melhorando o conforto térmico dos edifícios;
  • Calçadas e pavimentos permeáveis: permitem a infiltração direta da água, reduzindo a pressão sobre os sistemas convencionais de drenagem.
  • Parques alagáveis e lagos urbanos: áreas verdes que armazenam temporariamente grandes volumes de água durante eventos de chuvas fortes, liberando-a gradualmente para o ambiente.
  • Biovaletas e Jardins de chuva: áreas vegetadas projetadas para coletar e absorver rapidamente a água da chuva, ajudando a recarregar os aquíferos subterrâneos.

Benefícios das cidades-esponja 

Segundo o Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído (PISAC), um Centro Integrado de Pesquisa (CIP) da Universidade de Brasília (UnB), a aplicação do conceito de cidade-esponja proporciona diversos benefícios ambientais, sociais e econômicos para as áreas urbanas, incluindo:

  • Redução de enchentes e alagamentos: Cidades-esponja reduzem significativamente os impactos de chuvas intensas, evitando perdas materiais e melhorando a segurança da população ao absorver o excesso de água com eficiência.
  • Melhoria na qualidade da água: Soluções baseadas na natureza, como zonas úmidas e jardins de chuva, ajudam a filtrar poluentes presentes na água da chuva, garantindo que águas mais limpas retornem aos rios, lagos e aquíferos subterrâneos.
  • Diminuição do efeito ilha de calor: A vegetação integrada à infraestrutura urbana reduz as temperaturas locais, oferecendo conforto térmico e reduzindo a demanda energética para resfriamento dos edifícios.

Cidades-esponja no Brasil 

O conceito de cidades-esponjas já é aplicado em cidades da China, Estados Unidos, Alemanha e Holanda. Após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, entre abril e maio de 2024, o modelo passou a ser debatido no Brasil. 

Naquele ano, Kongjian Yu participou de um seminário na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, sobre experiências nacionais e internacionais na reconstrução de cidades devastadas por tragédias ambientais.

Na ocasião, Kongjian Yu foi crítico da infraestrutura cinza. “Gastamos bilhões de dólares canalizando rios, construindo represas, diques, tentando evitar que cidades e aldeias sejam inundadas”.

Yu enalteceu a biodiversidade brasileira e mostrou-se entusiasmado com o papel que o Brasil pode exercer no planeta. “Vocês são uma esperança, são um país muito jovem ainda”.

“Nós precisamos repensar a maneira com que reconstruímos nossas cidades. Buscar uma solução baseada na natureza”, finaliza.

*Texto com informações da Deutsche Welle, Agência Brasil e do Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído (PISAC), um Centro Integrado de Pesquisa (CIP) da Universidade de Brasília (UnB)

Fonte: Band.
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