A médica neurologista Cláudia Soares Alves foi presa em Itumbiara, no Sul de Goiás, sob suspeita de ser a mandante do assassinato da farmacêutica Renata Bocatto Benari, ex-mulher de seu ex-marido.
O crime, ocorrido em 2020 em Uberlândia, Minas Gerais, teria sido motivado por vingança e obsessão da médica em reaver o ex-marido e, principalmente, ocupar o lugar de mãe de uma menina.
A prisão de Cláudia Soares Alves foi resultado de uma operação conjunta entre as Polícias Civis de Minas Gerais e Goiás. No momento do cumprimento do mandado, os policiais encontraram na residência da neurologista um quarto infantil completamente montado, que incluía um bebê reborn, boneco realista que, segundo as investigações, simbolizaria a fixação da suspeita por maternidade após a separação.
Detalhes da Execução
De acordo com a investigação, Cláudia teria contratado dois vizinhos — um pai e seu filho — para executar Renata Bocatto Benari. O delegado Eduardo Leal detalha o modo como o crime ocorreu: a farmacêutica foi abordada por um indivíduo quando chegava ao trabalho, por volta das 7h da manhã. O suspeito entregou à vítima uma sacola contendo um objeto sexual e uma carta escrita.
"Após entregar essa sacola, ele desferiu vários disparos contra ela e ela veio a óbito ainda no local", afirmou o delegado Eduardo Leal.
A polícia acredita que os presentes entregues à vítima tinham a finalidade de despistar as investigações. Segundo o delegado, a carta encontrada tentava "direcionar a investigação como se fosse alguém do relacionamento dela, para outro sentido", tentando atribuir o homicídio a outras pessoas.
Histórico de Obsessão e Outros Crimes
A motivação central do homicídio, conforme os investigadores, está ligada à obsessão de Cláudia pelo ex-marido e pelo desejo de ser mãe da filha da vítima. O delegado Leal explica que a médica praticou o homicídio na tentativa de "reaver a família que ela realizava", e que a mãe da menina "proibiu a criança de conviver à época".
O ex-marido de Cláudia, que se separou dela ao notar sinais de transtorno de personalidade, já havia relatado à polícia atitudes extremas da médica. O delegado mencionou que o homem chegava a "esconder as facas dentro de casa para não ser morto".
O histórico criminal da neurologista demonstra uma fixação por crianças e adoções. Cláudia Soares Alves já havia sido presa anteriormente pelos crimes de falsidade ideológica e tráfico de pessoas, após ter sequestrado um bebê no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), onde trabalhava. Além disso, a polícia apurou que ela teria tentado comprar uma criança na região Nordeste do país e falsificar documentos para realizar "adoções fraudulentas".
Cláudia e os dois homens suspeitos de serem os executores foram levados para o Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia. O advogado da médica acompanhou a prisão, mas informou que não se pronunciaria sobre o caso. A Polícia Civil investiga se os atiradores receberam pagamento para cometer o assassinato e se outros crimes cometidos pela neurologista estão relacionados à morte da farmacêutica.