
O Ministério da Saúde anunciou na última terça-feira (23/09) mudanças importantes na prevenção e no cuidado com o câncer de mama no Brasil. A principal delas é a ampliação do acesso à mamografia de rastreamento para mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem sinais ou sintomas da doença, no Sistema Único de Saúde (SUS). Até então, o exame era indicado rotineiramente apenas para mulheres de 50 a 69 anos, faixa etária agora ampliada para 74 anos.
Para a oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do comitê científico do Instituto Vencer o Câncer, Vanessa Melo Ferreira, a medida representa um avanço. “Essa mudança impacta diretamente milhares de mulheres no Brasil. Reduzir a idade para início do rastreamento significa aumentar as chances de diagnóstico precoce, minimizar tratamentos mais agressivos e reduzir o risco de mortalidade”, afirma.
A especialista lembra que, até então, mulheres de 40 a 49 anos só tinham acesso à mamografia pelo SUS quando apresentavam sintomas ou tinham histórico familiar. “Quando o exame é feito apenas após o surgimento de sintomas, existe maior chance de encontrarmos a doença em estágio mais avançado, o que muda completamente o prognóstico dessas pacientes”, explica.
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama é o tipo mais incidente entre as mulheres brasileiras, com cerca de 73 mil casos anuais, e um dos que mais causam mortes.
“A decisão aproxima o Brasil das recomendações internacionais e amplia as possibilidades de cura, além de contribuir para a longevidade das mulheres”, reforça Vanessa.
Além da mudança na faixa etária para mamografia, outras medidas foram anunciadas. O programa Agora Tem Especialistas levará consultas, exames e biópsias para 22 estados por meio de carretas itinerantes, ampliando o acesso não apenas à detecção precoce do câncer de mama, mas também ao rastreamento do câncer de colo do útero.
No tratamento, o SUS passará a disponibilizar medicamentos modernos, como trastuzumabe entansina e inibidores de ciclinas, indicados para casos avançados da doença.
“Essas são drogas inovadoras, que até então não estavam disponíveis no sistema público. Elas oferecem mais chances de controle da doença e melhor qualidade de vida para pacientes em estágio avançado”, destaca a oncologista.
Vanessa lembra, no entanto, que as decisões chegaram com demora. “Infelizmente, esse atraso impactou negativamente a vida de muitas mulheres nos últimos anos. É essencial que essas mudanças sejam implementadas de forma rápida e que haja infraestrutura para garantir que todas tenham acesso a exames e tratamentos em tempo oportuno.”
Por fim, a médica faz um alerta às mulheres: “Se você tem 40 anos ou mais, fale com o seu médico, procure a unidade de saúde mais próxima e tire suas dúvidas sobre a mamografia. Esse exame salva vidas. Quanto mais cedo o câncer de mama é diagnosticado, maiores são as chances de cura e de manter a qualidade de vida”, orienta Vanessa.