O estado de São Paulo registrou dez casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, conforme divulgou o Ministério da Justiça no último sábado (27). O composto químico é utilizado na indústria e pertencente à família dos álcoois.
No Bora Brasil, o Dr. Jean Gorinchteyn tirou as principais dúvidas sobre como agir diante da contaminação pelo composto; veja as principais questões.
Como o metanol age no corpo?
O doutor salienta que o metanol está em diversos tipos de bebidas alcoólicas adulteradas, mas é possível encontrar o composto especialmente em destilados, como whisky, vodka e gin.
A famosa bebida “batizada”, segundo o Dr., costuma ser vendida em comércios que buscam reduzir os preços de custo para chegar até o consumidor. “É mais comum encontrar bebidas adulteradas especialmente em periferias, mercadinhos de bairro e adegas”, explica.
Mas não foi isso que aconteceu nos últimos casos registrados na capital: uma vítima da intoxicação consumiu a bebida em um bairro nobre de São Paulo e relatou ter ficado cega.
Outros casos foram registrados em diversos locais de São Paulo, inclusive no ABC Paulista.
O metanol altera o gosto da bebida?
O Dr. enxerga esse o principal problema dos batizados: o metanol não altera o gosto das bebidas. “É possível alguém conseguir consumir um drink batizado tranquilamente, sem sentir diferença no gosto, que é adocicado.”
Esse gosto diferente causado quando um composto químico estranho é adicionado em uma bebida se chama adstringente, e o Doutor afirma que o metanol, além de ser adocicado, não reage desta forma.
Se eu ingerir metanol, vou passar mal na hora?
“O tempo é muito individual. Pessoas com menos resistência podem ter sintomas de forma precoce, enquanto outras, mais habituadas ao consumo alcoólico, podem demorar algumas horas.”, explica.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas iniciais também são comuns e podem ser confundidos com os efeitos do álcool, como tontura e dor de cabeça, que evoluem para um mal-estar.
Um sintoma que se deve ficar atento, são as dores abdominais: náuseas, vômito e dores estomacais similares à cólica são pontos de atenção.
O principal indício que vem chocando os consumidores de bebidas, é a alteração na visão, que de turva a escura, pode chegar a perda parcial ou total.
“O metanol pega o sistema nervoso central também. Na verdade, ele se dissipa no organismo, porque ele tem uma absorção pelo intestino e cai na corrente sanguínea”, diz o Doutor.
Segundo Gorinchteyn, após esse processo, o composto químico atinge o fígado, onde é metabolizado, ou seja, é destruído e libera um componente ácido. “Esse ácido é tóxico, tanto para o fígado, quanto para o cérebro, quanto para o nervo óptico, que faz a inervação do olho”
Apesar dos sintomas serem graves e agirem de forma rápida, tudo depende da quantidade ingerida.
Se eu correr para o hospital, posso evitar algo?
“A gente chama isso de antídoto, que é o etanol, mas o médico precisa conseguir identificar o problema de forma rápida”, explica o doutor.
Gorinchteyn explica que entendido o problema, é possível iniciar uma dosagem do sangue, com o uso do etanol como um antídoto que neutraliza ação sem causar alterações no organismo, mas precisa ser feito de forma rápida.