
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou em entrevista ao jornal americano The New York Times, publicada nesta quarta-feira (30), disse que pediu diálogo com Donald Trump, mas “ninguém quer conversar” ao ser questionado sobre o tarifaço, que deve entrar em vigor em 1º de agosto.
“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Todos sabem que pedi para fazer contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível”, disse Lula em entrevista ao The New York Times.
“Só para vocês terem noção do cronograma, realizamos 10 reuniões sobre comércio com o Departamento de Comércio dos EUA. Em 16 de maio, enviamos uma carta solicitando uma resposta dos Estados Unidos. A resposta que recebemos foi por meio do site do presidente Trump, anunciando as tarifas sobre o Brasil”, acrescentou Lula.
Ao ser questionado sobre as críticas feitas ao presidente dos Estados Unidos e se tem medo que isso possa piorar a situação do país, Lula destacou que “não há motivo para ter medo”.
“Não há motivo para ter medo. Estou preocupado, obviamente, porque temos interesses econômicos, interesses políticos, interesses tecnológicos. Mas em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande. O Brasil negociará como um país soberano”, afirmou Lula ao The New York Times.
“Na política entre dois Estados, a vontade de nenhum deve prevalecer. Precisamos sempre encontrar um meio-termo. Isso não se consegue estufando o peito e gritando sobre coisas que não se pode realizar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo ‘amém’ a tudo o que os Estados Unidos desejam”, acrescentou.
Ainda na entrevista, Lula destacou que caso a tarifa imposta pelos Estados Unidos entre em vigor, o Brasil irá procurar “alguém que queira”.
“Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais”, afirmou.
“Nem meu pior inimigo poderia dizer que Lula não gosta de negociar. Aprendi política negociando. Não tenho nada contra a ideologia de Trump. Trump é uma questão para o povo americano lidar. Eles votaram nele. Fim da história. Não vou questionar o direito soberano do povo americano, porque não quero que questionem o meu”, completou.
Briga política
“Acho importante que o presidente Trump considere: se ele quer ter uma briga política, então vamos tratá-la como uma briga política. Se ele quer falar de comércio, vamos sentar e discutir comércio. Mas não se pode misturar tudo”, disse Lula ao ser questionado sobre Jair Bolsonaro, citado pelo presidente dos Estados Unidos na carta do tarifaço.