
As influenciadoras Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e Kérollen Cunha Ferreira foram condenadas a 12 anos de prisão e pagamento de R$ 20 mil de multa às crianças vítimas de injúria racial. A decisão da juíza Simone de Faria Ferraz, acessada pelo Band.com.br, condenou mãe e filha nesta segunda-feira (18) a cumprir a pena em liberdade, mas com medidas cautelares.
As duas, que tinham 14 milhões de seguidores à época do caso, viralizaram nas redes sociais após 'presentearem' crianças negras com uma banana e macaco de pelúcia em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
O caso, segundo a juíza, é configurado como 'racismo recreativo', com agravante por ter sido cometido contra crianças e por mais de uma pessoa. "Ao fazer jocoso o anseio de crianças entregando-lhes banana ou macaquinho de pelúcia, animalizando-as para além do humano, riram de suas opções cegas, em verdade sem escolha", afirma a decisão.
"Ao afirmarem que nada fizeram, que ao outro cabia a culpa da disseminação do ódio, lavaram as mãos, brancas, como senhores de engenho antes de cada taça de vinho. E, é nessa esteira de ódio e dor que não há cabida para minorar os efeitos de tamanho racismo", completa a juíza.
Segundo a magistrada, a magistrada destacou que o conteúdo foi monetizado. "As rés perpetraram os crimes, monetizaram a dor das crianças, que talvez nunca se curem das ofensas", pontuou. A juíza citou que o menino que apareceu nos vídeos passou a ter acompanhamento psicológico, precisou mudar de escola e, segundo a mãe, "nunca mais foi o mesmo".
Uma menina que também aparece nos vídeos passou por tratamento e se afastou dos amigos. A multa, que será destinada para as crianças, estipulada em R$ 20 mil para cada, foi decidida pelo número de seguidores das influenciadoras. "As rés afirmaram serem detentoras de quase vinte milhões de seguidores. Por óbvio as publicações são monetizadas. [...] Assim, razoável é a fixação do quantum pedido para cada uma das vítimas, não para “compensar” a dor como se possível fosse mas, para criar na ótica das lesantes a necessária evitação", diz a juíza.