A indústria brasileira passa por um processo de transformação com a crescente adoção de robôs e automação, conhecido como Indústria 4.0. A novidade está elevando a produtividade e a eficiência em diversos setores, como o de componentes automotivos e o de cerâmica. Em fábricas que já implementaram a integração tecnológica, a melhoria na produtividade tem alcançado, em média, entre 20% e 30%.
Na fábrica de componentes automotivos em Sete Lagoas, Minas Gerais, a transformação digital está presente em todas as etapas, com robôs assumindo tarefas repetitivas e perigosas.
"Geralmente, quando entra um processo novo, ele já começa automatizado. É um caminho que a gente tem que percorrer por causa dos ganhos, com eficiência, com produtividade e com qualidade", afirma Paulo Guariento, gerente geral da fábrica.
Tecnologia dobra a produção e reduz custos
O cenário é semelhante em uma fábrica de telhas cerâmicas, onde a tecnologia e a automação de processos dobraram a produção em apenas quatro anos, com uma redução simultânea nos custos operacionais.
Emília Lopes, gerente administrativa da fábrica, ressalta que a tecnologia proporciona a digitalização dos dados de produção, que leva a tomadas de decisão melhores e mais rápidas. "E uma padronização: ou seja, você tem menores chances de oscilação em cada uma das etapas do processo", explica a gerente.
As fábricas que adotaram esse nível de integração têm registrado, além da melhoria de produtividade, uma redução nas paradas não planejadas dos maquinários e maior flexibilidade nas reconfigurações de linha de produção.
5G pode acelerar a transformação industrial
Essa evolução tecnológica pode ser acelerada com a adoção do 5G nas fábricas. A tecnologia de quinta geração de internet móvel permite que cada empresa gere seu próprio sinal, sem depender de operadoras de internet ou de cabos de conexão.
Ricardo Aloysio, gerente de tecnologia do Senai, explica a importância dessa autonomia. "Isso torna o processo mais confiável. Se a gente dependesse do sinal da operadora e o sinal da operadora cai, a fábrica para", diz.
Para Aloysio, o investimento em velocidade de comunicação entre as máquinas é crucial, pois "fábricas mais eficientes significam produtos mais baratos". A expectativa é que a tecnologia 5G seja amplamente adotada por indústrias brasileiras nos próximos meses.
Desafio da mão de obra qualificada
Apesar dos benefícios evidentes, a adoção da Indústria 4.0 e do 5G precisa superar um desafio central no país: a carência de mão de obra qualificada.
O avanço da automação exige que os trabalhadores desenvolvam novas habilidades e se adaptem a um ambiente fabril mais seguro e cuidadoso com a utilização da tecnologia.
"É muito normal [a tecnologia] chegar no nosso dia [a dia] e depois chegar na indústria de uma maneira mais aprimorada", conclui Ricardo Aloysio. O investimento na qualificação e requalificação profissional é visto como a etapa mais importante para garantir que as inovações tecnológicas sejam plenamente aproveitadas pela indústria nacional.