
A Polícia Federal (PF), em ação conjunta com a Força Nacional de Segurança Pública e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), realiza operações para combater o avanço do garimpo ilegal em terras indígenas, com um foco especial em áreas da Amazônia.
Durante uma das ações, os agentes federais flagraram a atuação de garimpeiros em Terra Indígena no Mato Grosso, onde cinco pessoas foram rendidas e todo o maquinário pesado, incluindo escavadeiras, foi inutilizado.
A decisão de destruir os equipamentos, segundo o delegado da PF em Roraima, Cristiano Borges, é tomada devido ao difícil acesso aos locais, o que impossibilita a apreensão e o transporte dos materiais. A medida é considerada essencial para paralisar a atividade ilegal de imediato.
A presença do garimpo ilegal também é intensa na região Norte, onde uma equipe de reportagem do Jornal da Noite acompanhou uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Funai e Força Nacional na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
O sobrevoo de helicóptero sobre a floresta revelou áreas de extração ilegal de ouro, onde os garimpeiros utilizam rádios para comunicação e monitoram a aproximação das autoridades, tentando esconder seus equipamentos e fugir. Durante a ação, a equipe de segurança foi recebida com disparos de arma de fogo.
Combate à logística e grandes apreensões
No local da operação, mais de trinta garimpeiros trabalhavam na reconstrução de uma pista de pouso clandestina, que havia sido destruída pelas autoridades dias antes. Segundo o policial rodoviário federal Lucas Plentz, a agilidade dos criminosos é alta, com a expectativa de que a pista seja refeita em cerca de cinco dias para continuar recebendo mantimentos e transportando o ouro extraído. A logística, que inclui a utilização de motores e mangueiras para perfurar a terra em busca do minério, é considerada vital para a operação dos garimpos.
A fiscalização e o combate aos crimes ambientais representam uma luta contínua entre as forças de segurança e as quadrilhas. A paisagem deixada pelo garimpo é de devastação: solo revirado, crateras, rios contaminados por mercúrio e a floresta sendo substituída por uma paisagem cinza. As pistas de pouso são destruídas e, pouco tempo depois, reconstruídas, em uma dinâmica de "gato e rato".
Apesar da dificuldade em prender os principais responsáveis, as autoridades têm alcançado vitórias significativas. Em Roraima, a PRF realizou a maior apreensão de ouro da história da corporação, confiscando 103 quilos do metal em um fundo falso de uma caminhonete, logo na chegada a Boa Vista.
O motorista foi preso em flagrante. A carga, avaliada em mais de R$ 60 milhões, não havia sido extraída no estado, mas cruzava o território em direção à Venezuela, com destino final suspeito de ser a Europa ou o Oriente Médio.
Nos últimos 18 meses, mais de 250 pessoas foram presas por envolvimento com garimpo ilegal em terras indígenas, mas grande parte acaba sendo solta. O desafio para as autoridades continua sendo a identificação e a prisão dos verdadeiros donos das operações, os financiadores que articulam e lucram com a atividade ilícita.