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Facções impõem "Lei do Silêncio" e controlam tráfico em Porto de Galinhas
Reprodução/Band

Por trás das praias paradisíacas do litoral do Nordeste, facções criminosas impõem uma "Lei do Silêncio" que atinge moradores e comerciantes, dificultando a ação policial e a coleta de informações para combater o tráfico. Quem desrespeita as regras impostas pelos grupos pode se tornar vítima do chamado "Tribunal do Crime". A situação é detalhada na série especial "Tráfico no Paraíso" do Jornal da Band.

Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), famosa por suas piscinas naturais e destino de mais de 600 mil turistas anuais, é um dos pontos onde a grande circulação de pessoas e dinheiro atrai os traficantes. Na região, facções utilizam jovens para oferecer maconha, cocaína e outras drogas aos turistas.

O controle do tráfico na área é exercido pelo Comando do Litoral Sul, grupo que é aliado do Comando Vermelho e compra drogas também do PCC.

Estrutura e Aliados das Facções

Um delegado explica que, na organização criminosa específica que atua na área, a totalidade dos membros e a liderança são formadas por pessoas nascidas e criadas em Pernambuco. Frequentemente, esses grupos buscam alianças com organizações criminosas maiores, mas não há registro, como em outros estados, de membros de facções de grande porte vindo ao estado para ocupar território.

Os três principais chefes do Comando do Litoral Sul estão detidos em presídios federais, mas o comando da região segue com comparsas que vivem em bairros à beira do mangue.

A facção proíbe crimes como roubo de celular para não afugentar os turistas, já que o tráfico de drogas garante um rendimento financeiro muito maior. Luiz Rocha, em sua análise, revela que um inquérito concluído em 2022 constatou em um caderno uma movimentação de R$ 10 milhões anuais por um único traficante.

Tribunal do Crime e Coação

A "Lei do Silêncio" imposta pela facção em Porto de Galinhas proíbe os moradores de fazer denúncias à polícia. A desobediência é punida com tortura e morte. Luiz Rocha explica que a lei do silêncio impera, e a falta de contato com a polícia é a regra. Qualquer conflito, como briga de vizinho ou casos de traição, deve passar antes pelo comando de rua da facção. Caso a questão chegue à polícia sem a permissão do grupo, alguém será responsabilizado.

Em 2023, Pâmela Mirele, de 19 anos, foi uma das vítimas do "Tribunal do Crime". A jovem foi sequestrada, torturada, morta e enterrada após os traficantes suspeitarem que ela era informante da polícia. Os envolvidos no crime foram presos e confessaram o homicídio.

O medo imposto pelo grupo também prejudica as investigações, fazendo com que comerciantes evitem colaborar com a polícia e, em alguns casos, recusem-se a entregar imagens de câmeras de segurança.

Expansão no Nordeste

Os criminosos que comandam o tráfico no Nordeste estão na mira da polícia. No Ceará, um deles, conhecido como "Nem da Gerusa", controlava os negócios do Comando Vermelho mesmo escondido na Bolívia. No mês passado, ao tentar escapar do cerco policial, o traficante chegou a derrubar uma de suas três armas e foi preso após cair de um telhado.

Apesar da ação das autoridades, o número de integrantes das facções continua crescendo. Nos arredores de Fortaleza, são vistas diversas pichações com a sigla TCP (Terceiro Comando Puro) em muros, placas e fachadas de casas.

Um sociólogo entrevistado ressalta que, para esses grupos, o domínio de territórios é essencial. Segundo ele, quanto mais territórios eles ocupam para vender drogas, vender armas, extorquir moradores e monopolizar serviços, mais importantes eles se tornam, atuando em uma lógica de expansão de mercado.

Fonte: Band.
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