O vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, comemora a decisão dos Estados Unidos de isentar alguns produtos brasileiros da chamada "tarifa recíproca de 10%".
A medida é avaliada pelo governo como positiva, pois indica uma nova postura dos americanos na relação com parceiros comerciais. Segundo Alckmin, as negociações com o Brasil estão na "direção correta".
O vice-presidente afirma que a última ordem executiva do presidente americano, o presidente Trump, foi "positiva e na direção correta". Ele se mostra otimista em relação aos próximos passos: "vamo agora aguardar os próximos passos, mas nós estamos otimistas que a gente vai ter novos avanços". O objetivo principal do governo brasileiro é negociar a derrubada da sobretaxa de 40% que ainda incide sobre a maior parte da pauta de exportações.
Itens afetados e impacto na competitividade
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informa que a medida anunciada ontem é aplicada a 80 itens agrícolas da pauta de exportações do Brasil para o mercado americano. Quatro desses itens ficam isentos porque estavam com tarifa de 10%: são três tipos de suco de laranja e a castanha-do-pará.
Entretanto, 76 produtos permanecem com a tarifa de 40%. Entre eles estão carnes, frutas — como manga, açaí e banana — e o café.
No caso do café, a redução não alivia a disputa comercial do Brasil com os principais concorrentes. Isso ocorre porque a taxa cobrada da Colômbia e do Vietnã estava em 10% e, com a redução, esses países passam a ter isenção da tarifa. Enquanto isso, o café brasileiro segue com a tarifa de 40%.
Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), avalia que a competitividade do país no mercado americano está ameaçada. Ele argumenta que "para nós é uma situação em que a nossa competitividade segue afetada, senão até pior, porque nossos concorrentes estão isentos e o Brasil segue com a tarifa de 40%. Isso é muito, muito perigoso, porque a abertura de mercado para todos os nossos concorrentes permite que outros cafés passem a ocupar esses blends".
Expectativas do setor
A Associação dos Exportadores de Carne avalia que o corte de tarifa deve ser comemorado, mas ressalta que é preciso ter cautela em razão da necessidade de avanço nas negociações entre os dois países.
A Associação dos Exportadores de Frutas espera que a medida aumente as exportações. O setor registrou uma queda de 73% nas vendas para os americanos no terceiro trimestre deste ano.
O governo segue otimista, mas a pressão dos setores produtivos, especialmente aqueles que ainda enfrentam a tarifa de 40%, indica que as negociações com os Estados Unidos devem ser intensificadas nos próximos meses.