O estado de São Paulo registrou um aumento nos casos de feminicídio. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a média mensal de feminicídios é de 21 ocorrências. Nos primeiros nove meses deste ano, 166 mulheres foram assassinadas, um aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2024, quando 152 casos foram contabilizados.
O cenário de violência se manifesta em casos como o ocorrido em Itapevi, na Grande São Paulo, onde um auxiliar de cozinha, identificado como Miranda Caitano Cunha, de 52 anos, é procurado pela polícia após esfaquear a esposa. A vítima, uma atendente de conveniência, foi golpeada com seis facadas na madrugada, após o marido, que estava alcoolizado, discutir com ela várias vezes.
O crime foi interrompido pela filha da vítima, Júlia, que acordou com os gritos de socorro. Em depoimento, Júlia relata que pulou da cama e, ao correr, viu a mãe ferida. Ela pegou uma faca para se defender e cercou o padrasto. Miranda fugiu descalço e de cueca pelas ruas de Itapevi ao ouvir que o tio da jovem, que mora no mesmo terreno, descia as escadas.
Familiares socorreram a atendente, que foi levada em estado grave para o hospital. A vítima sobreviveu ao ataque e deve receber alta médica em breve. O filho do casal, de 11 anos, presenciou a cena de agressão e, segundo a irmã, está em choque e com crises de ansiedade.
Suspeita de premeditação e fuga
Miranda Caitano Cunha, funcionário do programa Bom Prato, não compareceu mais ao trabalho desde a madrugada do crime e é considerado foragido. Ele foi visto por vizinhos se escondendo em meio a carros em frente a uma oficina e, no dia seguinte, na estação de trem de Jandira, cidade vizinha a Itapevi. A Polícia Civil já solicitou a prisão do suspeito.
As filhas da vítima encontraram no celular do padrasto, que foi deixado na residência, indícios de que o ataque poderia ter sido premeditado. Nos dias que antecederam o crime, ele realizou diversas movimentações bancárias, sacando quase 43 mil reais, valor que teria ganho no jogo do bicho. Além disso, o homem havia reservado um quarto de hotel para duas pessoas, indicando um possível planejamento de fuga.
O celular de Miranda foi apreendido para perícia e revelou diversas pesquisas no Google que demonstram o relacionamento abusivo e o ciúme do agressor, como: "Como clonar o celular da esposa?", "Sinais de traição" e "Como rastrear um celular?". A filha da vítima confirmou que o padrasto era "muito ciumento, tóxico" e que já havia agredido a mãe anteriormente. A vítima possui uma medida protetiva contra o marido, mas a família reforça que não se sente segura enquanto ele não for preso.
Casos de feminicídio e violência em Campinas
Em Campinas, no interior paulista, a cidade registra outros casos de violência contra a mulher. Camila Oliveira Silva, de 33 anos, engrossou as estatísticas de feminicídio após ser atropelada e ter seu corpo novamente atingido pelo ex-companheiro, Edênio Júlio Teixeira.
O homem não aceitava o fim do relacionamento. O crime ocorreu quando Camila estava na companhia do atual namorado e da filha dele, de 7 anos. O pai da criança conseguiu salvá-la a tempo do segundo atropelamento. A Polícia Civil trata o caso como premeditado, uma vez que a vítima recebia ameaças há dias. Edênio fugiu, mas se entregou às autoridades posteriormente. Camila deixou dois filhos.
Ainda em Campinas, um homem foi preso em flagrante por tentativa de homicídio contra a companheira. Durante uma briga, a mulher tentou fugir de casa em um carro de aplicativo. O marido a agrediu dentro do veículo, deu início a uma perseguição de motocicleta e disparou contra os pneus do carro com um revólver calibre 38.
Um Guarda Civil Municipal (GCM) de folga presenciou a ação e interveio, derrubando o agressor da moto. O suspeito reagiu e houve troca de tiros, resultando no agressor ferido. O GCM efetuou três disparos, sendo que o segundo atingiu o abdômen e o terceiro a perna do atirador, conforme relatou o próprio agente. A vítima escapou ilesa.
O casal estava junto há um ano e, segundo a mulher, o relacionamento era marcado por violência e ameaças. O agressor, que já tinha antecedentes criminais, está internado sob escolta policial e será levado para a prisão assim que receber alta.