Em entrevista exclusiva à BandNews TV, o advogado Fábio Pagnozzi, que representa a deputada federal Carla Zambelli, detalhou as estratégias de defesa em andamento tanto na Itália, onde a parlamentar está detida, quanto no Brasil, onde enfrenta um processo de cassação de mandato. Falando diretamente da Itália, Pagnozzi esclareceu os próximos passos nos âmbitos jurídico e político.
O Processo na Itália: Cidadania como Estratégia
Questionado sobre a situação de Zambelli na Itália, o advogado explicou que ela se encontra em "prisão administrativa" aguardando o processo de extradição solicitado pelo Brasil, e não em uma prisão por crime cometido em solo italiano.
Um ponto crucial da defesa é a cidadania italiana da deputada. Segundo Pagnozzi, embora a cidadania não a torne "inalcançável" pela justiça brasileira, ela garante o direito de ser julgada na Itália sobre a legalidade do pedido de extradição. "Nós vamos falar que ela, como uma cidadã italiana, [...] tem direito a ser julgada sobre a extradição aqui na Itália", afirmou.
O advogado informou que uma audiência está marcada para o próximo dia 8, quando a defesa pleiteará a prisão domiciliar para Zambelli enquanto o processo principal corre. Pagnozzi estima que o trâmite completo da extradição, passando por todas as instâncias judiciais italianas, pode levar de oito a doze meses.
Sobre a recente visita do senador Flávio Bolsonaro e outros parlamentares, Pagnozzi classificou a ação como uma "comitiva de solidariedade" para demonstrar apoio à deputada e discutir a situação da democracia brasileira com interlocutores na Itália.
A Defesa na Câmara: Acusação Frágil e Perseguição Política
No Brasil, o foco da defesa é o processo de cassação do mandato de Zambelli, que foi tema de oitiva na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Para Fábio Pagnozzi, a acusação é frágil e baseada unicamente no depoimento do hacker Walter Delgatti. "A cassação está baseada em um processo onde não existem provas. [...] Existe uma só: o depoimento de um cara que mudou a sua versão oito vezes", argumentou o advogado.
A defesa sustenta que o processo tem motivação política e alega possuir provas de que a deputada era alvo de perseguição por parte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, desde 2022. "A gente entende que a Câmara, pelo menos, vai prestar atenção nesse tipo de mensagem e vai optar por não cassá-la", disse Pagnozzi, alertando que a cassação de Zambelli nessas condições abriria um precedente perigoso para outros parlamentares.
Ao final, o advogado afirmou que a "bancada de defesa" de Carla Zambelli tem crescido na Câmara, pois outros deputados estariam preocupados com a politização do processo e os riscos para a estabilidade de seus próprios mandatos.