A presença constante do cinema brasileiro em festivais internacionais e premiações como o Oscar gera efeitos práticos que vão muito além das estatuetas: ela cria empregos e abre portas em Hollywood. A análise é da colunista de cinema Flávia Guerra, feita durante o programa Entre Nós, da Band News FM, na última terça-feira (16).
Para ilustrar o aquecimento do mercado, a especialista cita o exemplo de Selton Mello. O ator integra o elenco de "Anaconda", nova superprodução da Sony com estreia prevista para este mês, atuando ao lado de astros como Jack Black e Paul Rudd.
Segundo Flávia, a escalação não é coincidência. Ela avalia que a visibilidade de filmes como "Ainda Estou Aqui" coloca os talentos nacionais no radar dos grandes estúdios. "Com certeza ele foi visto, muito merecidamente, pela produção da Sony", afirma.
O fim do ‘latino genérico’: atores brasileiros ganham espaço em Hollywood
A jornalista destacou uma mudança de paradigma: atores brasileiros deixaram de ser escalados apenas para papéis de "latinos genéricos". Hoje, eles ocupam posições de relevância técnica e artística dentro das tramas globais.
Na visão da colunista, essa transversalidade é uma conquista da indústria nacional. Ela relembra que Selton Mello, conhecido também por sua carreira como dublador de filmes hollywoodianos, agora estrela as produções que, em outros tempos, talvez apenas dublasse.
"Isso tem tudo a ver com a gente estar nesse jogo internacional", pontua Flávia. Ela explica que o sucesso de um filme "puxa" o outro, criando um ciclo virtuoso onde diretores de elenco e produtores internacionais passam a monitorar ativamente o cinema do Brasil.
Técnica brasileira na Netflix e no Oscar
Outro exemplo citado por Flávia Guerra é o do diretor de fotografia Adolfo Veloso. Ele assina a fotografia de "Train Dreams" (Trens dos Sonhos), filme estrelado por Joel Edgerton e disponível na Netflix, que está cotado para a temporada de premiações.
O trabalho de Veloso coloca um brasileiro na disputa técnica de uma produção estrangeira, algo que a colunista considera "lindo" e emblemático. "Quando a gente fala de Brasil, tem Brasil nas categorias que a gente não necessariamente está de olho", observa.
Para Flávia, casos como o de Selton Mello e Adolfo Veloso provam que a competência técnica está sendo finalmente reconhecida pela maior indústria de cinema do mundo.