
A tecnologia pode ajudar a todo mundo, mas também pode expor as crianças aos perigos do mundo online. E quem estuda o tema sabe dos riscos do livre acesso às plataformas.
É o caso do advogado Leandro Miranda, especialista em direito digital. Ele faz uso de tecnologias e acompanha de perto os acessos feitos pela filha de 10 anos, que tem o próprio celular.
“Nós, como responsáveis dos menores, temos a obrigação legal, até pelo próprio ECA (Estatudo da Criança e do Adolescente), de proteger nossos filhos”, afirmou Miranda.
“Ela não consegue acessar qualquer site. O YouTube, por exemplo, só o YouTube Kids, voltado para a idade dela, que é bloqueado. Eventualmente, quando a escola precisa fazer algum trabalho diferente, nós fazemos esse acompanhamento. Ou eu faço a liberação próximo dela, colocando a senha do controle parental no dispositivo dela, ou remotamente quando não estou lá”, completou.
No Google, o interesse de buscas por controle parental cresceu quase 70% em cinco anos no Brasil. No entanto, pesquisas no mesmo período sobre tirar ou desativar o controle dos pais chegam ao triplo das buscas por colocar ou ativar o recurso. Ou seja: se de um lado aumentou o número de responsáveis querendo proteger jovens na internet, do outro temos ainda mais crianças e adolescentes tentando burlar esses bloqueios.
Muitas ferramentas ajudam os pais a monitorar a localização da criança ou do adolescente, além de controlar o acesso a redes sócias e tempo gasto na internet. É o caso do Family Link, do Google, que pode ser baixado de graça no celular
“Se você vai liberar o acesso à internet, você consegue limitar quais sites ela pode acessar e quais não pode”, lembra o advogado Leandro Miranda.
Existem também aplicativos de mensagens para crianças, parecidos com o WhatsApp, mas que os pais conseguem limitar com quem o filho pode interagir e conversar. Por exemplo, o Kinzoo, que é gratuito, e o JustTalk Kids, que tem algumas funções pagas.
Para Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, as plataformas que não têm filtros nem censuram conteúdos criminosos não devem ser usadas por crianças e adolescentes.
“Por exemplo, o Discord, que é uma plataforma que dificulta muito a regulamentação. Eles não julgam coisas que nós julgamos muito importantes, muitos problemas que ocorrem na plataforma”, afirma o delegado, citando casos de estupro virtual, cyberbullying, maus-tratos a animais e instigação a suicídio na plataforma.