O cenário do turismo doméstico no Brasil registra uma mudança histórica: o avião superou o ônibus como meio de transporte preferido dos brasileiros em viagens, de acordo com a pesquisa Pnad Contínua Turismo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alteração na preferência é impulsionada principalmente pela procura por passagens aéreas para viagens a trabalho. Enquanto o carro particular continua sendo o meio de transporte mais utilizado (com 50,7%), o avião aparece na segunda colocação, com 14,7% de participação, superando o ônibus, que representa 11,9% do total de viagens.
Quando o foco é exclusivamente a viagem a trabalho, a supremacia do modal aéreo é ainda mais evidente: o avião é a opção para 28,8% dos viajantes, contra 11% que utilizam o ônibus.
O aumento das viagens corporativas reflete o retorno dos negócios após um período de retração. Caio Alves Theodoro de Souza, monitor de pesquisa clínica, exemplifica essa retomada: nos últimos seis meses, ele realizou 13 viagens de avião a trabalho, visitando cidades como Porto Alegre, Vitória, Rio de Janeiro, Brasília, Aracaju, Belém e Navegantes. Ele relata que, devido às longas distâncias, as viagens de avião são necessárias e que os negócios voltaram "com tudo".
Fatores por trás da mudança e impacto financeiro
O analista do IBGE responsável pela pesquisa, William Kratochwill, aponta o aumento de rendimento nos domicílios como um dos fatores que contribuem para essa mudança no perfil de deslocamento.
A ascensão do avião ocorre mesmo sem uma redução significativa no preço das passagens. A diarista Meiriane da Silva, que só viajava de ônibus entre São Paulo e Salvador, mudou sua perspectiva após fazer o trajeto aéreo pela primeira vez no ano anterior. Ela destaca a incomparável redução do tempo de viagem: enquanto o ônibus levava três dias, o avião oferece um ganho temporal inquestionável, mesmo que o custo seja mais caro.
Apesar dos preços, os brasileiros têm investido mais em viagens. Os gastos com viagens domésticas somaram R$ 22,8 bilhões no período avaliado (2024), um aumento de 11,7% em relação ao ano de 2023.
Para lidar com o custo das passagens aéreas, muitos buscam estratégias de economia, como a professora aposentada Zenaide Ribeiro. Ela utiliza a flexibilidade de sua aposentadoria para escolher os melhores dias para voar, contando com a ajuda do filho para a pesquisa de preços.