
A baixa procura pela vacina contra o HPV preocupa autoridades de saúde e levou o governo federal a ampliar a faixa etária da campanha. Tradicionalmente oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a meninas e meninos entre 9 e 14 anos, a imunização passou a incluir, até o fim de 2025, jovens de 15 a 19 anos. Apesar da mudança, a adesão permanece muito abaixo do esperado: desde fevereiro, apenas 1,5% do público-alvo foi vacinado.
O HPV (papilomavírus humano) é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no país. Estima-se que entre 9 e 10 milhões de brasileiros convivam com o vírus, com 700 mil novos casos por ano. A vacina é considerada altamente eficaz para prevenir o contágio e está disponível gratuitamente nas unidades básicas de saúde.
Importância da imunização
Para especialistas, a imunização contra o HPV vai além da prevenção da infecção. A médica Albertina Duarte, especialista em sexualidade juvenil, lembra que o imunizante protege contra vários tipos de câncer: “A grande prevenção é também câncer de colo de útero, de laringe, orofaringe, de pênis e de ânus. Essa vacina dá uma cobertura incrível e deve ser usada”.
O infectologista Renato Kfouri, do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, reforça a necessidade de vacinar antes do início da vida sexual. “Ainda existe preconceito, como se a vacinação tivesse relação com iniciação sexual. Isso é um equívoco. Quanto mais precoce for a aplicação, melhor o resultado da proteção”, afirma.
Estratégias para aumentar a cobertura
Um dos caminhos apontados pelos especialistas é expandir a vacinação para o ambiente escolar, estratégia já adotada para os mais jovens e que ajudou a elevar a cobertura: 82% das meninas e 67% dos meninos entre 9 e 14 anos já receberam o imunizante.
Segundo o diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, ampliar o alcance é fundamental para eliminar doenças graves. “É uma vacina segura e eficaz, e quando atingirmos 90% de cobertura, poderemos acabar com o câncer de colo de útero no Brasil”, afirma.
Com a adesão ainda tímida entre adolescentes mais velhos, a campanha segue até 2025 com o objetivo de reforçar a importância da prevenção e aproximar o país da meta de erradicação de um dos tipos de câncer mais letais para as mulheres.