A Polícia Civil e o Ministério Público do Mato Grosso (MPMT) investigam a presença de pelo menos 15 chefes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) do estado que fugiram e se refugiaram em favelas no Rio de Janeiro. As apurações indicam que esses criminosos pagam um valor mensal que pode chegar a R$ 80 mil para obterem proteção e estadia em comunidades cariocas.
O esquema de pagamento inclui a entrega de dinheiro e armamentos. De acordo com o Ministério Público, o valor é dividido entre R$ 50 mil em espécie e o restante, R$ 30 mil, em fuzis. A negociação desses valores e termos de refúgio foi confirmada por meio de mensagens encontradas em celulares apreendidos. Somente neste ano, a polícia registra o envio de 16 armas de grosso calibre do Mato Grosso para comunidades do Rio.
Mesmo escondidos em território fluminense, os líderes de fora do estado continuam a comandar e controlar atividades criminosas à distância, mantendo a operação das facções em seus estados de origem.
Estrangeiros e mortos em megaoperações
A infiltração de criminosos de outros estados no Rio de Janeiro é um fator recorrente em investigações de segurança pública.
Durante uma megaoperação realizada recentemente nos Complexos do Alemão e da Penha, 33 dos presos eram de outros estados, embora a Polícia não tenha especificado a origem de todos eles. Entre os 117 suspeitos mortos nas ações, 62 eram de outros estados, com a seguinte distribuição regional:
- Pará: 19
- Bahia: 12
- Amazonas/Goiás: 9 de cada
- Ceará: 4
- Espírito Santo: 3
- Paraíba: 2
- Maranhão, Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal: 1 de cada
Líderes do CV de Mato Grosso escondidos no Rio
Entre os líderes do Comando Vermelho de Mato Grosso que se escondem no Rio de Janeiro está Jonas Garcia Júnior, conhecido como 'Batman'. Ele é apontado pelas autoridades como um dos maiores chefes da facção na região Centro-Oeste do país.
De sua base no Rio, ‘Batman’ é acusado de ordenar a extorsão de comerciantes e de controlar o tráfico de drogas e a exploração de jogos e apostas em Mato Grosso.
O Ministério Público também acredita que as criminosas Angeliquinha e Arlequina estejam abrigadas na cidade. A dupla está foragida desde agosto, quando escapou de uma prisão em Cuiabá (MT) após serrar a grade da cela em que estava detida.
O Ministério Público do Mato Grosso acompanha a situação dos 15 chefes do Comando Vermelho que estariam nas favelas cariocas, pagando pela estadia e proteção de seus comparsas.